segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Sobre a Iluminação - Adyashanti



"Iluminação é apenas não se perceber através do ego.
É não ver a vida, ou qualquer coisa, você mesmo, a vida, seu tênis, o cachorro, o gato, qualquer coisa, a partir do ego.
É não ver o mundo, e tudo o mais através da distorção que chamamos de ego, é permanecer na pura consciência.

É por isso que é chamado de Estado Natural.
Vejam que Estado Natural, não é através de lente alternativa, mas é sim a ausência de qualquer lente projetada sobre a realidade. É a dissolução de todas as distorções.

É isso que é a Iluminação, a percepção sem distorções.
Aquilo que percebemos, como sendo pensamentos, emoções, ou uma situação qualquer, relacionamentos, qualquer coisa é percebida diretamente e não pelas lentes do ego.É isso que é Iluminação.

Claro que existem compreensões profundas a partir disso. Ver através do véu é o poder realmente Ver, é a percepção além das histórias.

A maioria das pessoas acreditam que Iluminação é um Satori eterno. Uma iluminação eterna, um Despertar eterno.Uma experiência infinita.
Mas não é uma experiência infinita e nem tem nada a ver com experiência infinita.

Essa compreensão lhe dará mais profundidade de percepções e compreensões de que o sonho existe.
É apenas uma clara visão de que a realidade pode ser vista diretamente, sem as lentes do ego.
Isso é iluminação.

E é muito bom, se perceber a Realidade sem as lentes do ego. É alegria, é paz e é o fim da sua busca.

Não é que você encontrou alguma coisa, exceto sanidade. Não é que você atingiu alguma coisa, além daquilo que você sempre foi.

Isso é Nirvana: Ver as coisas como elas realmente são.
Logo, quando você vê as coisas como elas realmente são, naturalmente elas são boas.
A natureza real das coisas está além dos pensamentos, é puro vazio, vacuidade. É não-existência.
A natureza de tudo é insubstancial. E Essa visão é além da dimensão da consciência.

Pela perspectiva da Iluminação tudo está além da dimensão da consciência. Faz sentido para vocês?

O ego, (e a maioria das pessoas vive pelas lentes do ego - daí o termo 
egoico ) mas existe essa dimensão que é além da dimensão egoica  onde a pura percepção está lá, acontece sem interferências.
Aquilo que o ego chama de inimigos, nessa dimensão não existem. Aquilo que você chama de dualidade, nessa dimensão não existe. Aquilo que se chama auto-imagem não existe tão pouco, uma vez que não se percebe onde começa e termina esse Self, já que ele é Tudo; aquilo que o ego chama de "eu" nada mais são que os pensamentos a respeito dele.

Logo, alcançar a dimensão além da mente, o ego pode estar presente, os pensamentos e tudo o mais permanecem, sem problemas, e serão visto como tal, pensamentos, que passam. Não se precisa preocupar com isso, deixe-os vir. Eles fazem parte da existência. 

A Consciência os percebe, sem nenhum problema. Permanecer na Consciência de tudo, esse é o ponto.

Em geral, espiritualidade é associada a um estado alterado de consciência, algo extraordinário.
Você pode ficar repetindo o nome de Deus por cinco horas, você terá um estado alterado de consciência, você se sente diferente; Existem várias práticas que podem alterar seu estado de consciência.

Mas a coisa engraçada é que Iluminação não tem a ver com nada disso. 
Iluminação é a ausência de qualquer estado alterado de consciência.

A Consciência não precisa de nenhuma alteração para Ver aquilo que É.
Aquilo que é, não precisa de nenhuma alteração de consciência para ser percebido.
A alteração de consciência é necessária para se ver algo que é mais do daquilo que realmente É. Ou seja, criações além do Um.

Logo no momento que no Zen chamamos de Satori ou iluminação, na iluminação se enxerga como o ego desaparece, e com ele todas aquelas projeções ilusórias que criavam as divisões. 
Isso é o Despertar. E o que acontece hoje, amanhã, daqui a um ano, não importa, a percepção da Verdade, a experiência permanece.(...)

O que é realmente importante no Satori, é como o ego vem abaixo. Aquilo que você acreditava, confiava, vivia, desaba. 

A orientação mais importante que vemos a partir da visão egoica dual, é que percebamos que existe algo que mantém tudo isso; e que o ego é em si mesmo, um grande gasto de energia, e que mesmo não sendo verdadeiro, ele emerge dessa fonte constantemente até seu fim.
Esse ego é mantido aceso como uma brasa, ele é alimentado instante a instante.
A verdadeira disciplina espiritual é não alimentar esse ego, é não colocar mais energia nessa divisão egoica. Apenas isso, nada mais.
Adyashanti em Satsang


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Deus Interior – Osho


Pergunta: “Você diz que Deus está dentro de mim, eu percebo que estou olhando para dentro de algum conceito que eu tenho do lado de fora.”.
Osho: Esse tipo de Deus você nunca vai encontrar dentro de você. Você vai ter que soltar todos os conceitos que foram dados a você do lado de fora – porque Deus não é uma pessoa. A imagem de Deus não existe, nenhuma estátua é possível. Deus é uma experiência! Se você tiver a idéia de um Deus que seus pais e sua sociedade têm dado a você, você vai entrar com essa idéia e essa idéia será o obstáculo – não vai permitir que você veja o que é.
E Deus é aquilo que é. Ele não precisa de conceitos para ser visto; conceitos cegam-no. Abandone todos os conceitos.
Se você realmente quer ir, vá como um agnóstico. Esta palavra é bonita. Você deve ter ouvido a palavra ‘gnóstico’; ‘gnóstico’ significa aquele que sabe – gnose significa conhecimento. “Agnóstico” significa aquele que não conhece. Agnóstico significa aquele que só sabe uma coisa, que ele não conhece. Seja um agnóstico – que é o início da verdadeira religião.
Nem acredite, nem desacredite. Não seja um hindu, e não seja um Jaina e não seja um cristão – caso contrário você vai continuar tateando nas trevas para sempre e para sempre. A menos que você solte todas as ideologias, todas as filosofias, todas as religiões, todos os sistemas de pensamento, e vá para dentro vazio, sem nada na mão, sem a menor idéia …
Como você pode ter uma idéia de Deus? Você não o conheceu. Basta ir … com um grande desejo de conhecer, mas sem nenhuma idéia de conhecimento … Com uma intensidade de saber, com um amor apaixonado para saber o que está lá, mas não transporte quaisquer idéias expostas a você por outros. Deixe-os de fora. Essa é a maior barreira para o candidato ao caminho da verdade.
Deus está lá, mas você não pode ver – porque seus olhos estão cegos pelos conceitos dados a você. Se você tem uma certa idéia de Deus, você não poderá vê-lo. Sua idéia se tornará uma barreira. Retire todas as idéias que você reuniu a partir de fora, só então você pode ir para dentro.
Na verdade, fique com este insight. Se você está procurando algo, você não será capaz de ver – porque a própria idéia de procurar algo significa que você tem uma idéia do que você está procurando. Procurar algo é um tipo de cegueira.
Ver só acontece quando você não está procurando por algo em particular, você está aí, aberto, disponível. Então, tudo o que é, é revelado.
Não olhe para Deus, se você quiser vê-lo. Basta esperar – deixar e esperar. Deus é um acontecimento! Se você está em silêncio, aberto, amoroso para com o seu próprio ser, consciente, ele vai acontecer. A qualquer momento, quando você estiver na sintonia certa com a existência, isso vai acontecer.
Deus está lá, você está lá: Apenas a sintonia certa. E isso é o que eu estou ensinando a você: sintonia certa. Abandonar todas as ideologias ajuda você a estar devidamente atento. E uma vez que você esteja em sintonia com a existência, isso é a felicidade. Você chegou em casa.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O medo da opinião dos outros – Osho


O maior medo que existe neste mundo é o da opinião dos outros. E, no momento em que passa a não temer o grupo a que pertence, você deixa de ser uma ovelha, você vira um leão. Um grande rugido se avoluma no seu coração, o rugido da liberdade.
Buda de fato já o chamou de o rugido do leão. Quando o homem chega num estado de absoluto silêncio interior, ele ruge como um leão. Pela primeira vez, ele sabe que a liberdade provém do fato de não ter mais medo da opinião de ninguém. O que as pessoas dizem não importa. Se eles o consideram um santo ou um pecador é irrelevante; seu único juiz é Deus. E para Deus, uma pessoa nunca é ruim. Deus significa simplesmente todo o universo.
Não é uma questão de ter de encarar uma pessoa; você tem que encarar as árvores, os rios, as montanhas, as estrelas – o universo inteiro. E esse é o nosso universo, fazemos parte dele. Não é preciso ter medo dele, nem lhe esconder nada. O todo já sabe de tudo, o todo sabe mais sobre você do que você mesmo.
E a questão seguinte é até mais importante: Deus já julgou. Não se trata de algo que vai acontecer no futuro; isso já aconteceu: ele já julgou. Portanto, até o medo do julgamento perde o sentido. Não é uma questão de esperar o Dia do Juízo Final. Você não precisa temer. O dia do julgamento já aconteceu no primeiro dia; no momento em que criou você, ele já o julgou. Ele conhece você, você é criação dele. Se algo saiu errado com você, é responsabilidade dele, não sua. Se você se perder, ele é o responsável, não você. Como você poderia ser o responsável? – você não é criação sua. Se você pinta um quadro e algo sai errado, não pode dizer que o quadro é a causa do erro – o pintor é a causa.
Portanto, não há necessidade de temer o seu grupo ou algum Deus imaginário lhe perguntando, no final dos tempos, o que você fez ou deixou de fazer. Ele já o julgou – isso é realmente significativo – isso já aconteceu, portanto, você está livre. E, no momento em que a pessoa sabe que está totalmente livre para ser ela mesma, a vida começa a adquirir um certo dinamismo.
O medo cria grilhões, a liberdade dá asas.
Extraído do livro “Coragem: o prazer de viver perigosamente”

sábado, 12 de outubro de 2013

Vida Verdadeira – Mooji


Você acha que tem muito para saber.
Você pode passar suas próximas dez vidas aprendendo o máximo que possa aprender e você não será nem comparável a um sábio analfabeto!
Quando você está livre, livre da identificação da relação corpo-mente, livre de intenções, expectativas, se agarrando ao passado, livre do vicio da memória, então você se torna vivo, com uma existência espontânea.
Vida Real, Real.
Até esse momento você não está realmente vivo, você está sobrevivendo.
Vida real é estar livre do medo, livre da depressão, livre da dúvida, livre do apego, livre do desejo, livre do orgulho, livre da dependência, livre da arrogância, livre da identificação.
Isso é liberdade.
E é o seu estado natural.
É quem você já é.
Você não tem nem a chance de escolher entre ser ou não ser isso! É uma opção ilusória.
Aqueles que sabem vão falar: “Ei você, acorda!”
Seu ser está espreguiçando, acordando.
E agora, todas as idéias que você acumulou, seu ser está arrotando elas. Não mais as quer.
Coisas que sua mãe te contou, teu avô. Mas elas não são suas.
Elas não são originais.
Qualquer um destes ensinamentos, eles são originais do seu ser?
Todos vieram depois de você. Primeiro veio você, depois eles.
Você é o conhecedor do conhecido.
Você sabe da sabedoria e da ignorância.
Então contemple: quem sou eu?
Tudo que eu aprendi, veio depois de mim.
Quem sou eu, antes de tudo isso?
Onde que tenho que ir para ser, antes disso?
É muito simples, na verdade.
Porque seu ser original nunca foi ferido, perdido.
Foi apenas eclipsado por essa coisa estranha que você chama de sua vida.
E agora você está acordando
E algumas coisas estão caindo para fora de você porque não pertencem a você.
Você pode sentir segurança até com o que é falso. Porque te dá a ilusão de que você pertence a algo.
E claro que você pode curtir isso por um tempo, mas a essência natural vai querer te separar disso, sair fora disso.
Onde existe a vontade de realmente saber quem sou eu, aí pode-se ter a sorte de encontrar alguém como eu. Sabe por quê? Porque eu não quero conhecer ninguém que não esteja interessado nesta pergunta. Eu não tenho tempo a perder. Quando você chegar nesta pergunta, então você se torna interessante para mim. Porque eu sei quem você é. Eu conheço você na sua Realidade.
Eu converso com você como Consciência falando para Consciência sobre Consciência.
Eu não converso como uma pessoa. Eu não sei o que uma pessoa é. Mas você acredita que você é uma pessoa.
Quando você conta a sua história, e a sua história tem vida, porque tem o investimento pessoal nela, neste momento você está se formando como uma pessoa.
Então, nesta conversação, quando uma pessoa encontra uma não-pessoa, apenas um deles sobrevive.
Me pergunto: quem?

Trechos do Satsang com MOOJI, 23/02/2008 em São José dos Campos – Transcrição : Veetshish

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Podemos transformar um relacionamento viciado em um relacionamento verdadeiro? – Eckhart Tolle


Sim, se estivermos conscientes e aumentarmos a nossa presença, concentrando a atenção cada vez mais fundo no Agora. A chave do segredo será sempre essa, não importa se você está vivendo só ou com alguém. Para o amor incondicional florescer, a luz da nossa presença tem de ser forte o bastante, de modo a impedir que o pensador ou o sofrimento do corpo nos domine. Saber que cada um de nós é o Ser por baixo do pensador, a serenidade por baixo do barulho mental, o amor e a alegria por baixo da dor, significa liberdade, salvação e iluminação. Pôr fim à identificação com o sofrimento do corpo é trazer a presença para o sofrimento e, assim, transformá-lo. Pôr fim à identificação com o pensamento é ser o observador silencioso dos próprios pensamentos e atitudes, em especial dos padrões repetitivos gerados pela mente e dos papéis desempenhados pelo ego. Se paramos de injetar “auto-suficiência” na mente, ela perde sua qualidade compulsiva, que é o impulso para julgar e, desse modo, criar uma resistência ao que é, dando origem a conflitos, tragédias e novos sofrimentos. Na verdade, no momento em que paramos de julgar, no instante em que aceitamos aquilo que é, ficamos livres da mente e abrimos espaço para o amor incondicional, para a alegria e para a paz. Em primeiro lugar, paramos de nos julgar, depois paramos de julgar o outro. O grande elemento catalisador para mudarmos um relacionamento é a completa aceitação do outro do jeito que ele é, sem querermos julgar ou modificar nada. Isso nos leva imediatamente para além do ego. Nesse momento, todos os jogos mentais e toda a dependência viciada deixam de existir. Não existe mais vítima nem agressor, acusador nem acusado. Esse é também o fim da dependência, de uma atração pelo padrão inconsciente do outro. Você, então, ou vai se afastar – com amor – ou penetrar cada vez mais fundo no Agora junto com o outro. É simples assim. O amor é um estado do Ser. Não está do lado de fora, está bem lá dentro de nós. Não temos como perdê-lo e ele não consegue nos deixar. Não depende de um outro corpo, de nenhuma forma externa. Na serenidade do estado de presença, podemos sentir a nossa própria realidade sem forma e sem tempo, que é a vida não manifesta que dá vitalidade à nossa forma física. Conseguimos, então, sentir essa mesma vida lá no fundo de outro ser humano, de cada criatura. Conseguimos enxergar além do véu opaco da forma e da desunião. Essa é a realização da unidade. Isso é amor incondicional. Só assim tem-se uma relação iluminada entre um homem e uma mulher.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A história do homem que queria se livrar da sua sombra – Mooji


Há uma interessante história de um homem que queria se livrar de sua sombra.
A sombra lhe perturbava.
Então um dia ele teve uma idéia.
Ele foi a um funeral e viu que eles fizeram um buraco bem grande, colocaram o corpo e cobriram. Ele teve a idéia de que ele poderia enterrar a própria sombra.
Então, cava um buraco profundo e grande, e ele ficou lá parado, com o sol atrás dele até que a sombra estava dentro do buraco.
E ele começou a botar terra em cima rapidamente.
Mas sempre a sombra estava em cima.
Você está tentando matar a mente.
E a mente fica cada vez mais forte através de sua tentativa de matá-la.
Abandone esta tarefa. Deixe a mente ser.
Permaneça enquanto testemunha da mente.
Você não pode matar aquilo que não existe.
Você pode apenas despertar para a Verdade.
Você é a testemunha da mente.
Localize-se.
Descubra o que você pode ser. Você pode ser encontrado?
Você, que testemunha todo o resto, você pode ser encontrado?
Eu vou lhe dar um exemplo.
É como uma faca. Uma faca pode cortar muitas coisas, mas não pode cortar a si mesma.
Porque é uma única unidade.
Ou seus olhos, que podem ver muitos objetos, mas não podem ver a si mesmos diretamente.
Ou uma balança que pode pesar tantas coisas, mas não pode pesar a si mesma. Porque é uma unidade.
Você também é um.
Você não pode ver a si mesmo.
Você pode ver a partir de si mesmo, mas o Self, você não pode ver.
Tudo o que você pode perceber são os efeitos, o vapor do oceano.
E esse vapor são os conceitos que surgem a partir do Self.
Você pode perceber a idéia que tem de si mesmo, mas não pode perceber a si mesmo. Não de uma maneira fenomenal.
Você se conhece intuitivamente, além da dualidade.
Da mesma forma como se você se tornasse consciente e não tivesse nada para ver.
Nada com que se relacionar.
Você ainda teria o sentimento Eu Sou.
Você não precisa de mais nada para você dizer que você é.
Então, se sua mente está pulando, não tente suprimi-la ou controlá-la.
Você pode controlar a mente? Sim.
Mas por períodos curtos de tempo. Quando você pára o exercício, a mente volta novamente.
Então, não desperdice toda sua energia tentando parar a mente.
Permaneça como o observador das atividades mentais.
Contemple essa energia, ou este principio que observa.
Até que o observador incuba no observar.
Significando que ele fica apenas sobre si mesmo.
E neste momento a mente desaparece, não tem mais poder.
Se você perder o interesse, ou ver que a mente é ilusória e perder o interesse na mente, no final você não vê mais a mente.
Ela não deixará mais nenhuma pegada em você.
O que isso significa?
Recentemente, fizeram uma pergunta bastante profunda na Índia: ‘ Bhagavan Sri Ramana Maharshi disse uma coisa: ele disse “Quando o Self é visto, o mundo não é visto, e quando o mundo é visto, o Self não é visto”.’
Ela disse: ‘Se eu vir o Self, o eu real, o mundo desaparecerá, e eu me sinto com medo. Mas é isso que o Bhagavan disse. Você pode explicar?’
Eu disse ok, vou tentar lhe dizer o que é.
Quando não há interesse ou apego naquilo que você percebe, o objeto enquanto objeto de percepção ainda continua.
Mas quando você não criou nenhuma relação com ele, ou criou qualquer tipo de sentimento em relação a ele, ele continua a ser um objeto da percepção, mas não registra nenhuma marca na consciência.
Então, a pessoa vê, percebe, mas não faz um registro na consciência, é pura percepção.
Então, é isso que ele quis dizer.
Quando o Self é realizado, as coisas não são vistas na consciência.
As experiências estão lá, espontaneamente.
Mas sem nenhum apego.
Então a experiência é pura.
A alegria está presente.
A tristeza pode acontecer também, mas não deixa nenhuma marca na consciência.
Elas são como as ondas na superfície do oceano.
A experiência, o experienciar é sempre novo.
É como escrever na água.
Você não pode ler três segundos depois.
Acabou.
Quando sua percepção é fresca, é nova assim, e isso é completamente possível, da maneira como estou apontando a vocês, reconheça a testemunha.
Mas como você pode reconhecer a testemunha se ela não possui nenhuma característica?
Isso não pode ser respondido através mente.
Algo está observando todo o resto.
Isto é óbvio.
Descubra o que é esta coisa que está testemunhando todo o resto.
Deixe que a atenção pare de ir para fora e volte para o coração.
E compartilhe o que vocês descobriram comigo.
É tudo o que vocês precisam fazer.
Se seguirem esta pergunta, podem deixar de lado todos os livros espirituais, todas as suas práticas.
Porque, para todas as práticas, para todas as leituras, o eu deve estar lá.
O eu que pratica, o eu que lê, o eu que aprende.
É por isso que o eu é o mais significante.
O que é este eu?

Trechos do Satsang que ocorreu em Ubatuba-SP, no dia 01 de março de 2008
Transcrição e tradução – Veetshish


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Simplesmente Isto – Mooji


Participante: Alguns professores dizem que não há nada que você possa fazer para se tornar iluminado ou despertar. Que não há escolha nem ninguém para escolher. Isso é verdade?
Mooji: Ao ouvir isso, qual foi a sua reação?
Participante: Na verdade foi mista. Por um lado uma sensação profundamente libertadora, simples e natural, seguido de um sentimento de real frustração e raiva. Honestamente eu me senti bastante irritado e oprimido com a idéia de não ter o livre-arbítrio. Foi muito estranho.
M: E qual dessas duas reações ficaram mais fortes com você?
Participante: Bem, como disse antes,inicialmente o sentimento de liberdade foi forte,belo e expansivo mas durou pouco, enquanto que a frustração, dúvida e confusão tém sido mais prolongados.
M: E estes sentimentos o trouxeram de novo ao Satsang, certo?
Participante: Pode-se dizer que sim. Na verdade eu não sinto que tomei nenhuma decisão para vir aqui. Eu sinto que fui atraído por alguma força. Quando estou aqui contigo, tudo vai bem; suas palavras e sua presença me fazem sentir seguros nesta verdade. O problema começa quando estou lá fora no mundo. Daí eu duvido de mim mesmo. Me sinto fraco, sem foco e me falta essa convicção que estou sentindo agora. Eu necessito de ajuda.
M: Obrigado. ‘Eu necessito de ajuda’ é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz ‘Não há’ ningúem a ser ajudado, nenhum ‘eu’,nenhum ‘você’. Ningúem existe, somente aquilo que É ‘, que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! O ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade única apenas existe, manifestando-se através e como a própria consciência, Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal/O Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do ‘professor’, que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, resultando assim na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : ‘ Nós somos chamados por nosso próprio Ser ‘, e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Sat guru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.
Participante: Há uma alegria outra vez em ser lembrado disto, talvez isso seja a atração do Satsang. Mas eu devo dizer que ainda estou um pouco confundido sobre…
M: Não ! Pare aí mesmo. Na verdade, ‘ você ‘, o que você realmente é, não pode estar confuso. Confusão é um estado mental. Não seria mais preciso dizer que você sente ou nota a confusão surgindo em você ? E que ambos os sentimentos de confusão e conforto são percebidos por você, incluindo seus efeitos no corpo e os pensamentos e julgamentos subsequentes acompanhando tais sentimentos ? E que estes são estados que vem e vão na presença de algum ‘ pano de fundo ‘ de inteligência impessoal ou testemunha natural ?
Participante: Sim. Parece haver mais distância nesta forma de olhar. Sente-se mais desapegado e espaçoso de alguma forma.
M: Vamos voltar à sua pergunta original ?
Participante: Sim, mas eu gostaria que você falasse mais sobre esse ponto.
M: Ok.Ok, nós voltaremos se necessário. Na sentença: ‘Não há nada que você ou ninguém possa fazer para ganhar a ‘iluminação’ ou o ‘despertar’. Quem ou o que é que ouve isto? E quem ou o que é o ‘você’ na declaração ?
Participante: Eu mesmo ! O que Eu sou.
M: E o que é isso ? (pausa…) Agora você está vestindo olhos pensativos ‘, Não pense ! Observe !
Participante: Minha mente.. Minha individualidade. Meu sentido de ser, eu suponho. Meu intelecto ?
M: Não deve haver algo por detrás que vê a mente, a individualidade, o intelecto ? De onde estas mesmas frases estão surgindo, e o que se mantém inafetado, intocado pelo funcionamento da mente, intelecto. Não estão estes fenômenos sendo observados ? Você pode confirmar ?
Participante: Sim, (assentindo lentamente) Eu posso confirmá-lo como tal.
M: Deixando de lado qualquer fenômeno notável que esteja surgindo, volte a sua atenção para a própria observação. O que exatamente é isso que observa ? É uma pessoa, uma coisa ? Tem uma forma, característica ou qualidade ? É pessoal ?
Participante: Não. Ningúem está lá. Nada.
M: Você está lá ?
Participante: Sim. Não. Eu devo estar. Eu estou nele.
M: O que vê ou sabe isso ?
Participante: Eu não sei. Eu apenas sei mas não sei como eu sei. Eu não sou nada aqui exatamente. Eu quero dizer sem forma. Lá vem aquele sentimento denovo. Isto foi o que eu senti, o que experienciei a última vez.
M: Não se aferre a este sentimento agora, deixe-o ser. Não vá ao passado, permaneça por detrás. Não se identifique, não toque. Apenas observe, mas mantenha-se neutro, de forma que se e quando este sentimento de alegria desvanecer-se, restará apenas este observar. Você não pode ‘ ter ‘ ou se ‘ tornar ‘ isso. Nenhuma posse, nenhuma realização, apenas pensamentos e sensações surgindo espontaneamente na consciência e sendo percebidos. Você percebe ?
Participante: Mas eu não quero que isso vá. Para que afast¬á-lo ? Eu quero permanecer neste estado sempre. Não é esse o ponto ?
M: Isto é precisamente o que você deve fazer. Se isso não estava aqui antes, não é permanente, e pertence ao que é mutável. Passará. Deixe-o ir e vir, isto é natural e isso é a própria liberdade. Reconheça o ‘ Eu não quero afastar isso embora ‘ é também um sentimento-pensamento surgindo, sendo observado por algo que está além das idas e vindas. Seja Um com isso. Não persiga nada, permaneça como consciência neutra apenas. Isso é tudo. O que pode a consciência querer ? O que falta ? O que há para se manter ou perder ?
Participante: Minha mente deu branco. Me desculpa, poderia repetir ?
M: O que está testemunhando o ‘ branco ‘ ?
Participante: (pausa…) Eu estou. Aqui outra vez !
M: E denovo, quem ou o que é você aqui ?
Participante: Apenas isso. Não há palavras que possam dar a entender ou descrever isso. Nada, Vazio.
M: Há alguma tristeza ?
Participante: Não.
M: Feliz ?
Participante: Não.
M: Livre ?
Participante: Não. Eu nem usaria a palavra ‘ livre ‘ . (pausa). Sem palavras…
M: Aha ! Muito bom ! Parabéns ! Aquilo é isto ! isto é tudo, você terminou, Excelente ! O exercício terminou. Agora pise fora disto e retorne ao seu estado prévio para que nós possamos continuar com as suas perguntas importantes.
Participante: Mmmm… Isto é impossivel ! Já não faz mais sentido nenhum. Pisar fora e ir aonde ?
M: Aqui !
Participante: Não há nem sequer aqui !
M: Realmente ? E o Agora ?
Participante: Não, nem Agora (longa pausa…) Eu agora vejo claramente que estes são apenas conceitos. Não há dúvida a respeito disso O Indescritível está por detrás.
M: Isto apenas é liberdade, além de qualquer conceito de liberdade. O natural e supremo estado do Ser verdadeiro de cada um.
( o questionador parece ter deslizado num estado meditativo, a sua face é imóvel mas tranquila…Mooji sorri…)

M: Eu queria falar a respeito do que acontece quando esta experiência de ‘iluminação’ se desvanece, mas agora é impossível discutir isso com ele enquanto ele estiver em samadhi. (Gargalhadas..)
Participante: Eu também já experienciei este estado em que ele parece estar agora, um tipo de experiência da não-experiência, que durou mais ou menos três ou quatro semanas. Eu me senti totalmente vazio, limpo, presente, uno com tudo que É. Tudo apenas acontecendo por si só, era realmente indescritível e belo, mas depois de um tempo minha mente voltou, no meu caso eu penso que ainda mais forte que antes. Na verdade eu entrei num tipo de depressão pesada e me senti perdido por um tempo. Eu tive medo de repetir aquela experiência.
M: Que experiência ?
Participante: A experiência louca.
( Gargalhada..).

M: O verdadeiro Ser é o imutável pano de fundo suportando o mundo transitório dos fenômenos. É somente Consciência impessoal; imutável e bem-aventurosa.No estado experiencial, brilha como o puro sentido da consciência subjetiva ‘Eu sou’. Este ‘Eu sou’ é impessoal e sinônimo de consciência – o campo da percepção. É a expressão direta da pura subjetividade. Sri Nisargadatta Maharaj, o grande sábio, descreve como uma porta que se move de um lado para a manifestação e do outro ao infinito. Isto expressa-o belamente. Todos eventos ocorrem como movimentos na consciência e são percebidos dentro e através desta consciente presença ‘Eu sou’; esta é a ‘testemunha’, o ou princípio que testemunha, que nós somos, enquanto o corpo está aqui.
Participante: Então nós somos o corpo ou ‘estamos’ no corpo ou algo separado ? Porque…
( Participante começou a se lembrar de algumas experiências e observações…)

M: Deixe isto tudo de lado por agora; apenas esteja aberto, permitindo tudo o que tem sido dito simplesmente ser ouvido na consciência sem se apegar à nenhum pensamento em particular ou idéia do tipo : o que fazer com isso que está sendo ouvido; permita que o ‘escutar’ apenas ‘aconteça’, assim como seria. Você está aí, por detrás da mente que escuta. Preste atenção ao pensamento ‘Eu’, não é o verdadeiro ‘Eu sou’. Ele vem quando o ‘Eu sou’ impessoal se identifica com o corpo, que é meramente o instrumento através do qual Ele está se expressando, com o auxílio da força vital – o poder animador. Essa associação faz surgir o ego, ou a individualidade – o sentido de ‘eu’. Então você percebe, o sentido de individualidade não pode existir sem a sustentação da consciência impessoal, e é a própria expressão transitória desta consciência criativa. Somente agora Ela opera como cosciência condicionada, acreditando ser o corpo-mente. Surge agora o conhecimento do ‘Outro’ e um impulso básico de proteger-Se; preferências e desgostos surgem, juntamente com julgamentos, medo, desejos, apegos e o jogo inteiro dos opostos inter-relacionados. Nós como seres individuais somos fascinados e viciados por experienciar, o que em si é natural e não há nada de errado em si mesmo quando visto como o jogo ou a expressão da consciência manifesta que somos. Mas quando visto da perspectiva da identidade individual, com sua agenda privada – Problemão ! ( gargalhada .. )
Agora escute, não há nada em particular para se ‘fazer’ aqui, nem ninguém para fazer ou desfazer também. Apenas uma mudança na compreensão deve acontecer e tudo se ajusta de maneira correta. Tudo é Um. Vamos pegar o exemplo da antena telescópica do carro, é uma unidade- isto representa o Absoluto. Estenda ou puxe uma vez – o ‘Eu sou’ impessoal aparece; ainda sim é uma unidade. Puxe de novo e o pensamento do ‘Eu individual’ brota, e simultâneamente a manifestação do mundo personalizado vem à tona. Como as bonecas russas, uma dentro da outra, sucessivamente, no entanto um Inteiro! Uma unidade expressando-Se como manifesta e imanifesta, dois aspectos da Realidade única. Tal é o jogo no teatro da consciência. Você é a testemunha final, Feliz, inafetado e inteiro. Você é Aquele ! Não é nada pessoal, isto não é um elogio que estou te fazendo.

Participante: Por favor, você poderia repetir o ponto sobre o ‘teatro da consciência’?
M: Não ! Eu não posso repetir. Por agora esteja atento, aberto e presente, mas neutro aqui, sem permitir que sua atenção vagueie ou pouse em nenhuma coisa particular. Esta posição estou te convidando a tomar. Confie em sua audição intuitiva. É a sua mente,que aparecendo como um buscador vigilante se esforça por exatidão e então fica presa com o sentimento de ter perdido algo vital. Neste momento é uma sutil forma de resistência ou de evitar. Meu conselho é; se você perder (não compreender) algo, simplesmente deixe-o ir. Tudo está bem por agora. O verdadeiro você está aqui e por detrás de tudo, observando sem esforço; da onde o sentido de perder ou encontrar surge, é sentido, mas descartado como ‘não real’- ‘neti-neti’ como os jnanis dizem. Você, como consciência, não é nenhum sentimento em particular. Pensamentos e sentimentos vem e vão como ondas brincando na superfície do oceano. Deixe tudo vir e ir por si só, isto é natural para as ondas. Oceano, água, ondas – tudo o mesmo. Permaneça como a testemunha apenas. Para a consciência, nada é perdido ou achado, ou é bom ou mal. É o imaculado substrato no qual a sombra mente/mundo de nomes e formas dançam sua aparente existência.
Participante: Mas Mooji, seguramente é vigilância ter a certeza que compreendemos corretamente, para evitar mal-entendidos; especialmente porque tudo isso é novo para mim, e também muitas escrituras e professores apontam para a vigilância com uma qualidade ou virtude necessária para o crescimento espiritual.

M: Isto é verdade se realmente existe ‘alguém’ que fará uso desta compreensão. Mas se você realmente investigar, este ‘alguém’, a ‘pessoa’, o indivíduo, não será encontrado ! Tudo é apenas consciência – o ‘você’, o ‘eu’, o falar, o escutar, satsang, todos aqui, tudo – tudo consciência; esta é a maravilhosa descoberta ! A Consciência conversando com a consciência sobre consciência através da consciência. Quão simples ! No entanto quão inexplicável quando buscado através da mente-ego. Olhe, eu te mostro onde você está agora mesmo, então permaneça com Isso, nada mais, mas a sua mente pousou em algum ponto que lhe interessa. Enquanto você estiver engajado em prender-se a isso, você perde todo o resto – isto é chamado o jogo de ‘maya’ (A ilusão cósmica). É como ler um livro sobre frutas exóticas e reggae enquanto passeia pelo mercado de Brixton! ( risadas…). Um mestre Zen chamado Bankei certa vez disse: ‘ É como um homem que perde sua espada caída do navio no mar, e marca o ponto no caminho das águas onde caiu. (Gargalhadas…)
Participante: Justamente agora que você disse isso, tudo parou. Eu não posso pensar. Não há pensamentos. (Levando sua mão a sua boca) Isso é maravilhoso !
M: O que está vendo tudo isso ?
Participante: Nada… Eu.
M: ‘Eu’ – nada, testemunhando a mente parada. Quando a mente está parada, ainda pode ser chamada mente ?
( Pausa…)

M: E agora ?
Participante: Silêncio e paz.
M: Para quem ?
Participante: Aqui..Para mim.
M: Pra você ? Você tem certeza ? O que, onde e como está ‘você’ exatamente nisso ?
Participante: Não eu; apenas silêncio e profunda paz e um sentimento real de gratidão. Está certo ?
M: Você me diz.
Participante: Sim. Gratidão por escutar e ver isso tão claramente. Obrigado.
M: Seja Bem-Vindo. Ser agradecendo o Ser. Muito Bom !
( risadas…)